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Iasmin Turbininha promove a renovação do funk carioca

26.10.2017 | Por: Mariana Bernardes

“Sejam bem vindos, pode ficar à vontade! Bota o sofá pro lado, aumenta o volume porque a partir de agora vai começar o baile mais esperado do Rio de Janeiro”. Essa é a abertura do novo podcast da DJ Iasmin Turbininha, 19, a sensação do Rio de Janeiro. O lançamento está marcado para outubro e conta com participações de peso do Rio: Os Hawaianos, MC Nem, MC Pocahontas… só a nata carioca. Caso você ainda não associou o nome a pessoa, Turbininha é a DJ que ajudou na promoção do ritmo Arrocha-Funk e 150BPM na capital carioca, num período em que as atenções do universo funk eram todas voltadas para São Paulo. Confira agora na matéria Portal KondZilla a história desta garota que com um canal do Youtube, renovou o funk carioca.

A DJ de apenas 19 anos é nascida e criada na Mangueira, mas hoje mora no bairro Lins, há dez minutos do estúdio da “Tudo 2” – por onde já passaram MC Duduzinho e o veterano DJ 2T, que lançou o primeiro arrocha-funk pelo canal da Turbininha. É de lá que são produzidas suas mixagens, vídeos e podcasts que lotam suas redes sociais. O amor dos fãs por Iasmin é palpável não só através das redes sociais, que foi onde tudo começou, mas também nas ruas. Por onde quer que passe as meninas gritam e se aglomeram para tirar pelo menos uma selfie com a rainha do live no Facebook, que chega a acumular mais de 50 mil visualizações (já falamos desse fato na cobertura do Rio Parada Funk 2017).


Iasmin no RPF 2017

Iasmin é uma típica millennial, com o interesse fluindo em diversas áreas criativas. Completamente autodidata e com o dom natural da sua geração de se comunicar através da internet, o YouTube era o lugar perfeito acalmar o fogo criativo que consumia a garota. “Tipo, na época que fiz o canal [2012] eram mais aqueles vídeo traçados, que é aquilo, passa várias fotos correndo no ritmo da música”, conta a DJ, que abriu a porta do estúdio para a nossa entrevista. “Eu fiz o canal pra lançar esse tipo de vídeo. Só que tipo assim, eu não sabia editar os vídeos (risos)?! Era mais pra divulgar as músicas dos amigos DJ’s. Mas aí eu pensava: ‘se eu gostava [do som], os outros iam gostar também'”.

Toda essa introdução explica bem uma juventude que faz por onde, sem esperar pela sua vez. Apesar de não ter um computador na época, isso nem de longe foi um problema. A DJ produziu todos os seus primeiros vídeos da lan-house do bairro, e o interesse do público inscrito no seu canal, por sons que a DJ andava escutando, só crescia. Ela conta que “sempre dava uma visualização boa”.

E como geral já sacou, a vida não é um conto de fadas. Desse começo quando estava com seus 15 anos, até a Iasmin virar o sucesso que é hoje, houveram alguns contratempos, muito por conta da falta de equipamento. “Depois de um tempo parei de ir na lan-house também, [como eu] não tinha computador e parei de postar os vídeos no canal”.

Iasmin no estúdio Tudo 

Para solucionar esse problema, a DJ viu uma oportunidade de ganhar uma renda extra fazendo flyers de festas, enquanto catava latinhas para ajudar em casa. “Foi nessa época que eu comecei a criar interesse por fazer flyer. Pedi pra minha tia um notebook pra fazer em casa, fazia cada um a R$20, R$30″, explica a DJ. “Eu fazia o bagulho rapidinho e geral precisava”. E não é que a parada deu certo?! Em menos de um mês, a tia mandou o notebook de Brasília. “Aí já fiquei como? Só felicidade, né! Comecei a fazer vídeo, fazer foto, vários bagulhos. Foi aí que aprendi a fazer os vídeos direitinho”. O trampo com flyers morreu ali, agora Iasmin era 100% música.

Nessa época, em 2015, com a produção de vídeos traçados a milhão e o canal crescendo, fechou com o DJ 2T para fazer lançamentos exclusivos das músicas que ele tocava no baile em seu canal – que contava com quase 45 mil inscritos e hoje tem perto de 150 mil inscritos. A sacada da DJ foi procurar pelas novidades mais quentes da capital carioca e promover o canal. Essa iniciativa tem abertura para muita gente adivinha onde estourou o primeiro arrocha-funk, o “Arrocha das Comunidades” (uma homenagem pras novinhas da Mangueira, Jacaré e Tuiuti)? No canal da DJ, é claro, lá em 2015.

Depois veio o “Arrocha da Penha” (385 mil no canal da Turbininha), do MC Flavinho, que foi mais um estouro. “Aí já foi, filha”, conta Turbininha, sobre uma longa fase de arrocha-funk no canal. Outros dois dos sucessos foram: “Afronta é Guerra” (168 mil visualizações), do Mc Jefinho, e mais tarde o “Arrocha das Amantes” (804 mil visualizações), com a MC Nem. E foi no terreno virtual onde tudo aconteceu. “A galera começou a reconhecer na rua, [as músicas do canal] já estavam tocando em vários lugares. O povo me gritava: “Turbininha do afronta!”.

Iasmin e Jota, seu agente, decidiram abordar uma estratégia inteligente para a carreira da moça. Ao invés de enfrentar o machismo que existe no movimento com artistas mulheres, eles procuraram festas ‘alternativas’, que estão mais abertas ao trabalho do artista do que com seu gênero.”Decidimos ir pra outro lado. Como no baile não dão espaço, estamos fazendo mais festas”, comenta Jota. Com a estratégia traçada, a dupla seguiu em frente. E deu bom. As festas “Puff Puff Bass” e “BateKoo“, onde Iasmin é cultuada e sempre lota as pistas de dança, adoram o trabalho de Turbininha.


Turbininha na festsa BateKoo 

Jota comenta da dificuldade no mercado do funk para mulheres, e que essa falta de mulheres para outras garotas se inspirarem no funk não é jogada de marketing para a dupla. O mercado é limitado e apesar de continuar existindo já foi muito pior. A MC Nem, veterana do funk com 16 anos de estrada e quem canta o hit “Arrocha das Amantes”, explica como vê a cena para as meninas que estão chegando. “Eu acho que quem ta vindo agora tá assim… não vou falar que tá sendo fácil, porque fácil não é pra ninguém, mas é isso, tá sendo ‘mais’ fácil que era antes”, conta. “O funk hoje tem seu espaço, hoje é [visto] como cultura, tem gente que defende. Por isso quem tá vindo agora, tá pegando uma situação mais favorável para entrar em outros meios”.

O caminho parece, de fato, favorável para elas, apesar de Turbininha ainda não considerar a fama como indicador definitivo de sucesso. “Eu não chamo [o momento atual], tipo, como um sucesso. É um sucesso, mas pra mim, é como se fossem só várias pessoas e eu sou como todas elas. Tipo, eu acho maneiro parar e conversar, zoar, responder tudo porque querendo ou não são eles [fãs] que fazem tudo acontecer”, conta. “Se hoje me sustento no funk, é por causa deles”.


MC Nem e Iasmin

Atualmente, com a agenda cheia de eventos e o retorno positivo do público, Iasmin foca em se aperfeiçoar nas mixagens e começa a produzir algumas faixas como a “Vem Me Ver”, do MC Thorugo, e “Escurinho da Favela”, do 2Jhow, que ainda serão lançadas. Os vídeos ao vivo que transmite pelo seu facebook mostram o quanto a galera está ansiosa em acompanhar seus próximos passos.

Se esse sucesso é definitivo ou não, só o tempo vai nos mostrar, mas se depender de quem consome o que ela produz, parece que a caminhada está muito bem traçada. Para todos os casos, a fala da fã chorosa do Morro do Borel que Iasmin sempre conta, foi a que mais a emocionou até hoje, e parece ser bem usada aqui. “Você merece todo sucesso do mundo. Quem critica é porque não aceita, mas fala assim pra eles ó: Atura ou Surta!”.

Acompanhe o trabalho da DJ Iasmin Turbininha nas redes: Facebook // SoundCloud // Youtube.

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