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Na roda gigante do funk, WM explica como chegar no topo

20.06.2017 | Por: Guilherme Lúcio da Roha

A internet trouxe uma autonomia e independência para os movimento musicais sem precedentes, seja pela facilidade em baixar um programa de produção, seja pela simplicidade em transmitir o conteúdo na rede. E nada melhor que ilustrar essa evolução de perfis com a história do DJ Will o Cria. Ou devemos dizer com o MC WM? Seja cantando as músicas “Grave Faz Bum” e “Sua amiga eu Vou Pegar”, como produzindo as músicas “Automaticamente” e “Perigosamente”, os trabalhos do cara deram certo. Para sacar tudo isso, o Portal KondZilla foi conhecer um pouco mais dessa e outras histórias.

“Você [MC] é o cowboy que está montado no “touro do sucesso”. Mas você vai cair, isso é uma certeza. Pode ser daqui um, dois ou cinco anos, como a queda pode ser repentina. Têm aqueles que caem de pé, e também têm os caras que caem e são pisoteados pelo touro”.

Com essa curiosa analogia sobre o movimento do funk, William Almeida Araújo, 28, recebeu o Portal KondZilla nos bastidores da gravação do videoclipe da música “Rabetânia” – que sai amanhã, dia 21 de junho. Com um perfil diferente de outros artistas de funk, WM já está próximo dos 30. Só que a trajetória no universo do funk começou há mais de 7 anos e ele vive hoje a melhor fase na carreira.

Sendo o codinome WM o mais famoso, William também se aventura nas produções musicais como “DJ Will, o Cria”. Não satisfeito com a dupla tarefa, ele também caiu na empreitada de agenciar artistas pela “Play Produtora”, seu próprio escritório, mas enquanto isso a agenda de shows é com a produtora Start Music.

“O Will veio antes do WM (risos). Há uns sete anos eu integrava de um bonde de MCs, fazendo mais as composições do grupo, mas sempre pensando em subir no palco e cantar. Porém, o projeto não deu certo e eu comecei a tentar produzir, pois não tinha dinheiro para pagar alguém que fizesse esse serviço e precisava de algo que não me ocupasse tanto tempo”, conta o MC.

Pai de duas filhas, William nunca deixou de acreditar no sonho de viver de música. Em meio a outros trabalhos, como, por exemplo, o de barbeiro, WM aprendeu a produzir sozinho, em casa, enquanto tentava pagar as contas em dia.

O funk entrou na sua vida bem antes da explosão do movimento chegar a capital paulistana, tendo como principal referência os produtores cariocas. E levando a sério o espírito DIY (faça você mesmo, em tradução livre) da geração millenium, começou a produzir por conta própria e levando a máxima de inovar nos trabalhos, dando oportunidade para a molecada talentosa da quebrada ao mesmo tempo que aprimorava sua técnica.

“De alguma forma, eu sabia que ia ganhar algum dinheiro com isso, mas o que me motivou mesmo é o gosto pelo funk. Desde pequeno eu gostava de funk, mesmo sem cantar ou subir no palco, eu enchia minha casa de moleque para produzir fazer a parada acontecer”.

Mas nem tudo são rosas. WM está bem ligado que sua voz destoa tem um timbre diferente e a característica de ser ‘rouca’ nem sempre agrada. Entretanto, o conhecimento o levou a aprimorar esta dificuldade para se adaptar ao funk. O que deu certo, e junto do MC Lan, seu parceiro em diversas produções, ele vem ganhando destaque nas ruas e fluxos de São Paulo.

“Acho que ainda não tenho o dom da voz. Hoje eu até gosto dela, mas antigamente eu não me achava no funk. Imagina na antiga, no tempo que a ostentação dominava com MC Guimê, MC Rodolfinho, eu com essa voz rouca tentando cantar?! Não tinha como. Agora, quando veio o funk mais falado, a gente consegue tirar uma onda (risos)”, diz.

Essa sobriedade em relação ao mercado do funk, fez com que ele tivesse uma visão esclarecida sobre o momento atual e sobre o verdadeiro sobe e desce constante do ritmo.

“O funk é uma roda gigante. Hoje está a putaria, mas amanhã já vai mudar, vai surgir outra novidade. O próximo passo vai ser algo fora do esperado, uma batida fora do tempo, o grave em um lugar inimaginável. A novidade sempre vai ser algo que vem para surpreender”, explica.

Atento a isso, WM diz que procura trabalhar com MCs e produções diversificadas, caso da dupla Jhowzinho e Kadinho na música “Perigosamente”, do grupo Os Cretinos em “Qual bumbum mais bate” e também do MC Leleto e MC Maromba em “Automaticamente”. Três músicas que fogem do padrão minimalista e com o “batida da lata” que o funk de São Paulo assumiu.

E parece que deu certo, no currículo WM esbanja músicas que estão nas pistas e na voz de vários talentos. Com o Jerry Smith, tem a música “Opa Opa“, já com a dupla Jhowzinho e Kadinho, acertou na produção de “Perigosamente” e participou em “Pancadão“. Com Os Cretinos, participa em “Qual bumbum mais bate” e também “Estremece quando ela desce“. Falando no parceiro MC Lan, vesh, ai a lista é grande, mas vamos citar “Grave faz Bum” e  “Sua amiga eu vou pegar“. Teve até collab com o Youtuber Louco de Refri em “Novinha Taradinha“.

E para quem tem uma visão madura da coisa, sempre vale um ensinamento para os que estão começando na caminhada: “A molecada mais jovem tem que tomar cuidado com letra, tem que fazer algo que todos possam escutar, que possa tocar na TV, na rádio, porque daí você expande o público”, explica o MC-produtor-empresário. E ele continua: “E também não escutar 100% quando alguém diz que ‘você é foda’, porque quem manda não é produtora ou empresário, quem manda é o público”.

E ainda nessas dicas, muita gente confunde o sucesso com a trajetória. É válido lembrar que tudo tem um tempo certo para acontecer. “Já pra molecada que está na ativa e que tem que ajudar em casa, minha dica é conciliar os dois. Não adianta largar o serviço e ficar em casa largado, querendo cantar, pedindo cachê alto se você não for conhecido – porque nenhum contratante vai pagar”, conta WM. ”Então seja um MC, mas tenha um outro trabalho, pois o funk não tem uma regra, você pode fazer música até no serviço. Daí a música roda, você faz sucesso e aí sim você larga o serviço (risos)”.

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